terça-feira, 30 de junho de 2009

Parabéns à Ouvidoria do Hospital de Clínicas da Unicamp

A Ouvidoria do Hospital de Clínicas da Unicamp comemora neste mês de junho, 5 anos de existência. Este espaço tem por objetivo cumprir a uma exigência da Política Nacional de Humanização, PNH, do Ministério da Saúde, em relação à atenção hospitalar. Ao longo desse período, esta ouvidoria solidificou-se como um canal de comunicação imparcial e democrático entre pacientes, funcionários e gestores, fato que tem permitido a realização de melhorias no funcionamento e na prestação de serviços desse hospital.

Através desta postagem, proponho-me a testemunhar a favor desta Ouvidoria pois, apesar do curto período de tempo em que estagiei nesse espaço, pude observar a sua importância perante à sociedade e a forma de como as funções atribuídas a ele são realizadas.

Diariamente, diversos usuários (paciente, familiares de paciente, funcionários) chegam com seus elogios, solicitações e reclamações, sendo estas últimas o motivo mais freqüente que os encaminham à Ouvidoria. Esta, intermedeia, de forma democrática e imparcial, os processos correntes entre as partes envolvidas.

Os processos são formados pelas seguintes etapas:
1) a ouvidora registra a demanda do usuário;
2) é feita uma análise imparcial do caso;
3) a demanda é encaminhada à chefia do setor;
4) a ouvidoria recebe a resposta referente à demanda e
5) uma devolutiva é rapassada ao usuário.

O aspecto mais interessante desse processo consiste no fato de que cada demanda é identificada por um número. O usuário obtém esse número e por meio dele pode acompanhar o desenrolar de seu apontamento.

Por eu prezar por uma conduta ética e sigilosa, infelizmente não posso compartilhar
os casos que presenciei.

Presto minhas homenagens à Equipe da Ouvidoria: Mirian, Maria Amélia, Rogério, Railda, Thaís e estagiários que, com prontidão, respeito, competência e carinho, conseguem realizar de forma admirável e humanizada o trabalho que lhes é proposto.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Os Filhos" em "O Profeta", de Khalil Gibran

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:

Vossos filhos não são vossos filhos
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porquê eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força,
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria;
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

II Festival Paulínia de Cinema / Encerramento com show dos Paralamas do Sucesso

Site Oficial do II Festival Paulínia de Cinema

II Festival Paulínia de Cinema divulga filmes selecionados
À Deriva, de Heitor Dhalia, é o filme de abertura (dia 9) e Tempos de Paz, de Daniel Filho, encerra o festival no dia 16
Fonte: Paulínia News

Os filmes selecionados para a II Festival Paulínia de Cinema, que acontece no período de 09 a 16 de julho, já estão definidos. A Comissão organizadora do Festival, formada pelo Secretário de Cultura Emerson Alves, pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho e pelo produtor Ivan Melo, divulgou os filmes selecionados.

A Seleção Oficial do II Festival Paulínia de Cinema vai exibir um total de 26 filmes sendo 12 longas (seis de ficção e seis documentários) e 12 filmes de curta-metragem, sendo seis deles da região do Polo Cinematográfico de Paulínia.

O Festival recebeu um total de 221 inscrições, sendo 26 longas de ficção, 32 documentários em longa metragem, 127 curtas nacionais e ainda 36 curtas regionais.

Os filmes que concorrem a prêmios de 650 mil reais serão exibidos entre os dias 10 e 15 de julho, no Theatro Municipal de Paulínia. No encerramento, depois da exibição de “Tempos de paz” , serão entregues os prêmios do festival e, após a cerimônia de premiação, os convidados poderão ainda assistir ao show da Banda Os Paralamas do Sucesso.

De 10 a 15 , sempre às 16 horas, no Theatro Municipal de Paulínia, acontece ainda, dentro da programação oficial do Festival, a Mostra Paralela, a exibição de seis longas de sucesso lançados comercialmente no período que compreende julho de 2008 a junho de 2009. A entrada é franca.

Antes das exibições dos filmes da Seleção Oficial, o festival homenageia os grandes destaques do ano, entre eles Lilian Cabral, Sandra Corveloni, Claudio Torres, Toni Ramos, Gloria Pires e Cesar Charlone.

Para a população da cidade a grande novidade é a IV Mostra Paulínia de Cinema, que a partir deste ano acontece paralelamente à programação do Festival. Com uma programação que visa principalmente à formação de público, a Secretaria de Cultura vai instalar telas de cinema montadas ao ar livre em cinco bairros da cidade, onde serão exibidos 10 grandes sucessos da Globo Filmes, uma homenagem aos 10 anos da distribuidora Carioca.
Filmes da Seleção Oficial do Festival, assim como das mostras paralelas e ainda da IV Mostra Paulínia de Cinema:

Longas de ficção

1 - O Contador de histórias, de Luiz Villaça - SP
2 - Destino, de Moacyr Góes - RJ
3 - Enquanto Dura o Amor, de Roberto Moreira - SP
4 - No Meu Lugar, de Eduardo Valente -RJ
5 - Olhos azuis, de José Joffily - RJ
6 - Antes que o mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo - RS

Documentários

1 - Caro Francis, de Nelson Hoineff - RJ
2 - Mamonas o Doc., de Claudio Kans - SP
3 - Sentido à Flor da Pele, de Evaldo Mocarzel - SP
4 - Moscou, de Eduardo Coutinho - RJ
5 - Só Dez Por Cento é Mentira, de Pedro César - RJ
6 - Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz - RJ

Curtas brasileiros

1 - Vida Vertiginosa, de Luiz Carlos Lacerda - RJ
2 - Relicário, de Rafael Gomes - SP
3 - Doce Amargo, de Rafael Primot -SP
4 - Milímetros, de Erico Rassi - SP
5 - Nessa Data Querida, de Julia Rezende - RJ
6 - Timing, de Amir Admoni - SP

Curtas Regionais

1 - Morte Corporation, de Léo de Castillo
2 - Prós e Contras, de Pedro Struchi
3 - Quem Será Katlyn?, de Caue Nunes
4 - Spectaculum, de Julliano Lucas
5 - A Máquina do Tempo, de Marcos Craveiro
6 - Capoeira, de Matheus Oliveira

Mostra Paralela

1 - A Mulher Invisível, de Claudio Torres
2 - Divã, de José Alvarenga Jr.
3 - O Menino da Porteira, de Jeremias Moreira
4 - Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas
5 - Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles
6 - Se eu Fosse Você 2, de Daniel Filho

IV Mostra Paulínia de Cinema

1 - SANEAMENTO BASICO, O FILME, de Jorge Furtado
2 - O AUTO DA COMPADECIDA, de Guel Arraes
3 - TAINA 2 – A Aventura Continua, de Mauro Lima
4 - LISBELA E O PRISIONEIRO, de Guel Arraes
5 - MARIA, MAE DO FILHO DE DEUS, de Moacyr Góes
6 - CARAMURU, de Guel Arraes
7 - O HOMEM QUE COPIAVA, de Jorge Furtado
8 - O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FERIAS, de Cao Hamburger
9 - O PAI, O, de Monique Gardenberg
10 - SE EU FOSSE VOCE, de Daniel Filho

Prêmios - O Festival distribuirá, por meio de sua premiação oficial, um total de R$ 650 mil aos vencedores, para as diversas categorias, como segue:

Filmes de longa metragem

Categoria / Valores
Melhor Filme ficção - R$ 60.000
Melhor Documentário - 35.000
Melhor Diretor ficção - 30.000
Melhor Diretor Documentário - 25.000
Melhor Ator - 25.000
Melhor Atriz - 25.000
Melhor Ator coadjuvante - 15.000
Melhor Atriz coadjuvante - 15.000
Melhor Roteiro - 15.000
Melhor Fotografia - 15.000
Melhor Montagem - 15.000
Melhor Som - 15.000
Melhor Direção de arte - 15.000
Melhor Trilha Sonora - 15.000
Melhor Figurino - 15.000
Especial Júri - 30.000

Filme de curta-metragem - Nacional

Melhor filme Nacional - 20.000
Melhor Direção - 15.000
Melhor ator - 8.000
Melhor atriz - 8.000
Melhor Roteiro - 8.000
Melhor Fotografia - 8.000
Melhor Montagem - 8.000

Filme de curta-metragem - Regional

Melhor filme - 20.000
Melhor Direção - 15.000
Melhor ator - 8.000
Melhor atriz - 8.000
Melhor Roteiro - 8.000
Melhor Fotografia - 8.000
Melhor Montagem - 8.000

Júri Popular

Melhor longa ficção - 30.000
Melhor documentário - 20.000
Melhor curta metragem nacional - 10.000
Melhor curta-metragem regional - 10.000

Concurso de Roteiros

Além da premiação dos filmes, o II Festival Paulínia de Cinema premiará um roteiro inédito com R$ 45 mil. Foram recebidos mais de 80 roteiros que serão avaliados por um Júri formado pelo cineasta Djalma Limonji Batista, pelo jornalista e dramaturgo Sergio Roveri e pela Dramaturga e Script Doctor Christiane Riera. Esse prêmio será anunciado na cerimônia de encerramento do Festival.

Atividades paralelas

- Debates
- Seminários
- Feira de Mercado
- Realização do II Encontro Roteiro em Questão.
- Lançamento de livros e dvds

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Paralamas do Sucesso - Tendo a Lua

Às vezes, me sinto assim...

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Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim

O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.

Eu hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Enfim... Hoje é o Dia do Batizado

Hoje, exatamente às 14h30min, dei início, de forma um tanto mais oficial, à minha carreira de Jornalista! Posso falar assim, né? Ainda mais agora, que estou legitimada pela decisão do STF, anunciada nesta última quarta-feira.
Talvez os amigos que ontem me cumprimentaram de forma jocosa, (rsrs) hoje possam saber que, de agora em diante, não só tenho sentimento e me auto-denomino jornalista mas, como também, passo a exercer, de maneira mais atuante, a profissão! Sem diploma, é claro...

Meus agradecimentos a RTV UNICAMP, ao Prof Paiva e aos amigos especiais: Ri, Mayra, Fabi, Cris e Wellington, os quais sempre me deram apoio.

Panfletagens - Eventos no "Espaço Cultural Casa do Lago"


Para consultar a programação completa dos eventos divulgados abaixo, basta clicar no link
Espaço Cultural Casa do Lago

23/06 - Terça - A partir das 18h30 Apresentação dos melhores vídeos do Festival do Minuto e curta-metragens durante toda a Noite!


Direção e roteiro: Alan MinasSinopse: O filme revela o drama de pais e filhos que tiveram seus elos rompidos por uma separação conjugal mal conduzida, vítimas da Alienação Parental. Os pais testemunham seus sentimentos diante da distância, de anos de afastamento de seus filhos. Os filhos que na infância sofreram com esse tipo de abuso, revelam de forma contundente como a AP interferiu em suas formações, em seus relacionamentos sociais e, sobretudo, na relação com o genitor alienado. O filme também apresenta profissionais de direito, psicologia e serviço social que discorrem sobre as causas, condições e soluções da questão.


Mostra ‘Curta Campinas’ 2009
Festival de Curta-Metragens

27/06 a 03/07
27/06 - 14h - Abertura









quinta-feira, 18 de junho de 2009

Rio, 40 graus

Nelson Pereira dos Santos dirigiu em 1956 o filme "Rio, 40 graus". O filme possui uma proposta independente, buscando tratar de uma temática brasileira, mas não da maneira que os projetos da Vera Cruz se pautavam, com altos orçamentos e uma temática que não fosse exclusivamente brasileira, mas sim exibir\discutir alguns dos problemas sociais brasileiros, com um orçamento adequado ao mercado de distribuição ao qual seria inserido.

O filme se inicia com seis jovens da favela do Cabuçu organizando uma saída para trabalhar com vendas de amendoim torrado. O objetivo, além do sustento deles, é ganhar dinheiro para a compra de uma bola de futebol. Eles se dividem em diversas partes da cidade onde a classe média e média-alta se situam, para tentar melhores chances de sucesso nas vendas. Nisto as estórias se separam, mostrando diversos tipos sociais, tais como políticos, malandros, exploradores de trabalho infantil, estrangeiros, militares de baixa patente, migrantes, "alpinistas sociais", pessoas do mundo do futebol, elites sociais da zona sul do Rio, dentre outros. Grande parte da "independência" do filme é mostrar as inter-relações desses tipos sociais e tentar elucidar alguns dos porquês da manutenção das diferenças sociais entre eles. Os personagens do "núcleo Cabuçu" constituem o amálgama das diversas estórias apresentadas, no sentido de que o contexto de sua busca por dinheiro apresenta suas relações com as diversas partes da cidade do Rio de Janeiro, e também com os que ali estão, permitindo o desenvolvimento de estórias secundárias, para ser possível um panorama sobre a sociedade desta cidade.

Em aspectos de estilo, o filme faz bom uso da linguagem cinematográfica, mas sem preciosismos como uso excessivo de travelings e panorâmicas. Na narrativa há pouco uso de planos-detalhe, mesmo em diálogos, visando maior praticidade nas gravações. Num todo, há uma tendência de uso de planos estáticos, mesmo evitando uso de zoom-in\out. A maioria das cenas é gravada em externa diurna, com predominante (quase exclusivo) uso de locações. A utilização de montagem paralela é o que garante grande parte do sucesso da trama, pois permite que várias estórias sejam contadas ao mesmo tempo. Além disso a trama estabelece uma elipse, pois o filme começa com a diáspora na favela, e encerra com o retorno dos garotos à mesma, passando claramente uma sensação de cotidiano e de continuidade das situações. O uso de trilha sonora na construção dramática é, de certa maneira, pouco utilizado (se comparado aos filmes da Vera Cruz), mas possui destaque em alguns momentos, tal como na abertura do filme e na seqüência final, com o encontro das escolas de samba. Na abertura do filme também se destaca o traveling de helicóptero, que mesmo com a trepidação da câmera, cumpre bem a função de mostrar um plano geral das locações da estória, aumentando a coesão da mesma, e realçando a beleza geral da cidade.

Em suma, é possível afirmar que Nelson Pereira dos Santos conseguiu montar uma estória ficcional com grande apoio na realidade, mas não só para buscar verossimilhança e\ou as belezas do Brasil, mas sim para evidenciar, de maneira acessível e pouco enfadonha os problemas da cidade do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Entrevista minha na Rádio UFSCar

Olá pessoas!

Semana passada estive na Rádio UFSCar conversando com o estimado Hélvio Tamoio, sobre a PISCAR, coletivo do qual faço parte, que foca seus trabalhos em produção audiovisual.

O link é esse aqui.

Abraços!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sonho que vira realidade

Às vezes as pessoas podem ir mais longe que elas e a sociedade pensam, imaginam, etc...

Um caso disso é o longa metragem "Apenas o Fim". Lançado com frisson na última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é um exelente exemplo de trabalho em grupo, atitude e, por que não, vanguarda.

Assisti no último sábado e adorei as risadas que me roubaram. Um único ponto ruim é que a linguagem e formato deste são direcionados para a geração dos anos 90 em diante... Mas só isso. :)



sábado, 13 de junho de 2009

Onde está o seu lar?

A tartaruga tem sua casa própria: seu próprio casco.

Por analogia, eu também teria minha casa própria, inseparável de mim: meu corpo, minha mente, minha alma... (repletos de vontades, sonhos e sentimentos).

Essa percepção tornou-se um tanto mais evidente hoje à tarde: em meio ao tumulto causado pela a multidão que descia do ônibus, um cara, involuntariamente, pisou no meu pé e acabou por debilitar ainda mais o meu dedão esquerdo que já se encontrava machucado. Naquele momento, senti-me agredida e uma dor aguda arrancou minhas lágrimas. Pareceu-me que o chão da minha casa havia sucumbido assim como os telhados das casas dos Três Porquinhos sucumbem diante da ação do Lobo-Mau. Por alguns instantes senti-me desabrigada...

Há algum tempo tenho refletido o que é ter um lar, se eu o tenho e, se sim, onde ele estaria localizado – perguntas e respostas difíceis.

A relação entre o lar e o seu morador funciona apenas quando ela possui traços marcantes de reciprocidade: por um lado, cabe ao lar oferecer abrigo, proteção, segurança, acolhimento, aconchego, liberdade e conforto ao seu morador. Por outro lado, espera-se que o morador perceba essas vocações e se sinta abrigado, protegido, seguro, acolhido, aconchegado, liberto, confortável e, o mais importante, identificado com seu lar. Se isso não acontecer plenamente, existe habitação, não lar.

Viajando de Campinas para Nova Odessa, as minhas reflexões ainda permaneceram ao longo de todo o trajeto, tornando-se mais aguçados pela noite fria e chuvosa – contexto propício a conduzir-me a querer chegar logo em casa, para tomar um banho, me aquecer e tomar uma xícara de chocolate quente, pois cappucino costuma causar-me insônia.

Viajei sentada ao fundo do ônibus, em frente à porta de saída. Comecei a perceber que o lar não está obrigatoriamente associado à edificação: à minha direita, alguns bancos mais à frente, uma jovem mãe abrigava em seu colo a sua criança, dando a ela amor, carinho e aconchego. Por meio desses gestos, o menininho encontrou o seu lar no corpo de sua mãe.

Três bancos a minha frente, um casal de namorados viajou abraçado, trocando beijos e carinhos ao longo de todo o percurso. Olhavam-se nos olhos e pareciam reciprocamente aconchegados. Tive vontade de tirar uma foto dessa cena – minha câmera estava na minha bolsa, mas não fui suficientemente audaciosa para alcançá-la e disparar um click, mesmo que o fizesse sem que o casal percebesse a minha ação. Essa cena lembrou-me de minhas segundas-feiras, quando eu e o Ri viajamos de Jundiaí a Campinas, e de nossos finais de semana passados juntos. Pode ser que seja em companhia dele que encontro um dos meus possíveis lares: o Ri me abriga, protege, acolhe, aconchega e conforta através de seu olhar único – ele possui a coloração mais surpreendente –, de seu amor, de sua predisposição ao diálogo, de sua iniciativa em me aconchegar junto ao seu peito... (- Vieni qua, amore mio!)

A verdade é que eu não possuo um único lar e, é por isso, que necessito descobrir onde estão localizados os meus outros lares possíveis. Desta forma, passo agora a me perguntar: ONDE “eu gosto de saborear um bom vinho tinto ou um cappucino?”; “gostaria de estar quando eu me sentir triste ou alegre?”; “choro desmedidamente?”; “encontro a minha família?”; “gosto de estudar italiano?”; “sinto-me à vontade para reunir meus amigos?”; “tomo banho despreocupadamente?”; “sento-me para ler ou escrever?”; “guardo meus objetos pessoais?”; “uso o telefone com privacidade?”; “tenho a chave da porta?”; “está localizada a minha cama?”; “sinto-me inspirada a fazer bolo de maçã com canela?”; “posso ficar de camisola?”; “deito e coloco os pés no sofá?”; “posso sair de toalha do banho?”...

Infinitos questionamentos como esses, se respondidos em conjunto poderiam, talvez, remeter-me ao meu lar. Talvez o local que acomodasse a maioria das respostas às questões poderia ser o meu lar. Onde está o meu lar? Tenho fragmentos espalhados de lar que, se pudessem ser ajuntados, provavelmente, não formariam um lar completo. Mas será que cada fragmento desses, por si só, já não seria uma parte completa do lar?

"Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" - Comentários

Os comentários a seguir são tecidos sob a percepção de uma mera espectadora. De maneira alguma, intenciona-se aqui fazer uma crítica de cinema – até porque não tenho méritos para isso. Esse comentário é o resultado de um exercício proposto em uma das aulas do curso livre “Cinema e... Redação”, ministrado por Fátima Gigliotti, na Cenapec [1]. O tema da aula em questão era conseguir perceber a voz própria do autor, seja ela falada ou escrita, seu desenvolvimento, manifestação e recepção.


O ato de contar histórias – sejam elas verídicas, inventadas ou uma mistura de ambos os aspectos; baseadas na própria vivência ou nas experiências alheias – faz parte do cotidiano das pessoas e isso ocorre devido à necessidade intrínseca ao ser humano de se comunicar e de se desenvolver como um ser social. Evidentemente, cada pessoa pratica esse ato de forma particular e subjetiva: umas utilizam-se mais da realidade, outras, da fantasia e criatividade.

Como não poderia deixar de ser, é para atender a essas necessidades que eu também conto histórias! Esse ato – não só para mim, mas para todas as pessoas, acredito eu – dá-se principalmente através da fala. Porém, é através da escrita que consigo não só escolher a melhor palavra como também encontrar o melhor encadeamento das frases esperando, assim, construir uma comunicação mais eficiente. Nas minhas histórias, escolho a realidade em detrimento da fantasia mas, nem por isso, elas são isentas de um olhar subjetivo. Essa é a forma de desenvolvimento e de manifestação da minha voz própria.

E o “(...) encontrar a própria voz como escritor significa (...) sentir-se inteiramente livre dentro da própria pele. É uma grandiosa libertação. No entanto, a única maneira de se chegar a isso é por meio de minuciosa (...) atenção aos detalhes [2]: ‘Uma frase nasce para o mundo ao mesmo tempo boa e ruim. O segredo está em uma ligeira e quase imperceptível torção ...’”[3].

A voz própria também se manifesta através da palavra falada e, por isso, como poderíamos identificar a voz própria de Edward Bloom, ao ouvi-lo contar suas histórias?

Para Edward Bloom, protagonista do filme Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, a prática de contar histórias é algo muito além da necessidade de relatar um acontecimento: Edward apóia-se na fantasia em detrimento da realidade e, dessa forma, consegue não só recriar o acontecimento sob seu ponto de vista particular, como também busca manipulá-lo com a intenção de o fazer adquirir uma conotação heróica, excêntrica, excepcional... Livrando-o, assim, da banalidade.

É lógico pensar que para cada voz deve existir um modo de como o ouvinte aprende a escutar essa voz e reagir a ela [4]. Logo, é possível observar que no filme cada ente da família de Edward “ouve” as histórias e “reage” a elas de forma subjetiva: Will Bloom, filho de Edward, acredita que o pai não consegue suportar a realidade entediante que o cerca. Para Josephine, nora do protagonista, o sogro apenas possui uma visão romântica dos acontecimentos. Já Sandra, a esposa de Edward, sabe que as histórias, embora pareçam, não são totalmente inventadas.

Para mim, Edward se permite ter um olhar poético sobre a sua própria vida. Quando era garoto, adquiriu esse privilégio no momento em que a bruxa lhe mostra, através de seu olho mágico, quando e como ele morreria. Resolvido esse questionamento – fonte de grandes angústias e amarras para a maioria dos seres humanos – ocorreu a sua libertação. Alforriado dessa angústia, o protagonista pôde viver intensamente e com grande liberdade suas experiências. É somente por usufruir dessa liberdade que Edward encontra, desenvolve e manifesta a sua voz própria da maneira que a reconhecemos no filme.

Notas

1. Cenapec – Associação Centro Auxiliar de Pesquisas Culturais/ Biblioteca Adir Gigliotti é uma associação cultural sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública pela Prefeitura de Campinas e Ponto de Cultura Nacional. Sediada em Campinas, Rua São Salvador, 301, Taquaral, www.cenapec.org.br.

2. A. Alvarez. A Voz do Escritor. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006, p. 45.

3. Babel, citado em A. Alvarez. A Voz do Escritor. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006, pp. 45-46.

4. A. Alvarez. A Voz do Escritor. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006, p. 9.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

"A Última Crônica", por Fernando Sabino

Uma amiga perguntou se eu já havia lido essa crônica. Respondi que não. Curiosa, tratei de ler. Quero postá-la aqui porque gostaria de, assim como Sabino, ter presenciado o sorriso daquele pai! Pois, cada vez mais, acredito que a felicidade existe em manifestações simples, ao passo que, grandes eventos e palavras adocicadas, muitas vezes, nada mais são que resultados de manipulações inteligentes.

A ÚLTIMA CRÔNICA
(por Fernando Sabino, publicada no livro
A Companheira de Viagem, 1965)

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Mímica do Star Wars



Pros que gostam de sonoplastia :)