domingo, 24 de janeiro de 2010

A morte do Cromo é um prelúdio da morte da fotografia?

A fotografia está em extinção. Isso soa um tanto batido, mas ultimamente sinto que a panfletagem está refletindo a verdade. Quase dois meses depois de "batidas", as minhas fotografias em filme cromo poderão ser reveladas.

Não vivo em um feudo - apesar de estar em Jundiaí - mas durante esses meses a proto-megalópole na qual cresci estava carente de produtos químicos para a revelação desse tipo de filme, e por outro lado, com estantes cheias deles para venda. São Paulo, Campinas, Jundiaí... Zero revelador.

O filme tipo cromo, também conhecido como reversível, é um tipo especial de filme que era antigamente utilizado em sua maioria para a confecção de slides, um tipo de predecessor do power point mas ainda muito utilizado em aulas de geologia estrutural. A questão é que nos últimos 15 anos esse tipo de filme, cujo uso outrora secundário, está sendo utilizado para fotografias analógicas de alta qualidade, tal como uso em estúdio, ou mesmo artístico em que a definição em cores seja um objetivo a ser perseguido. Esse tipo de filme possui uma concentração bem maior de corantes que um filme convencional, por isso se destacando na definição de cores.

Infelizmente o processo de revelação E6, padrão nesse tipo de filme, está desaparecendo. O C-41, padrão para fotografia colorida convencional, sofre do mesmo mal, mas com um retardamento de tempo ainda.

A cidade de São Paulo, maior consumidora de produtos fotográficos no Brasil, ficou sem reagentes para processo E6 desde novembro do ano passado. Não importava qual laboratório procurasse, não havia como revelar. Enquanto isso, montanhas de filmes cromo à venda nas lojas especializadas... O tonto aqui comprou um no período de seca. Azar o meu.

Em meio a tudo isso, tomei paulatinamente noção da realidade nesse mercado. A Fujifilm, fabricante do Provia 400X que comprei, não possuía solução adequada para o meu problema... Ligaram pra mim, mas depois de dias. Antes via e-mail disseram que um laboratório tinha... Mas ainda era lenda.

No final das contas, acabei conseguindo revelar neste mesmo laboratório, mas coisa de mês depois do e-mail. O Capovilla atualmente é o único laboratório que revela cromo em São Paulo.

Infelizmente não se sabe por quanto tempo. A fotografia feita em Cromo possui muito mais possibilidades do que no digital em termos de cores e detalhes. Uma pena o digital estar massacrando tão fortemente essa consagrada técnica. Uma pena as empresas não respeitarem os que ainda trabalham na velha escola. Por que estas não garantem a revelação desses materiais, sendo que elas ainda os distribuem no mercado?